"Nunca é tarde para pôr para fora o que temos cá dentro"
Vinte quilos de feijão, 30 de porco e enchidos, mais dez de arroz, uma montanha de comida distribuída por três panelões não chega para dar o tamanho do coração de Luísa, Luisinha, Tia Lu. De microfone na mão, do alto do seu metro e cinquenta, ela faz jus à sua condição de madrinha do evento: "Boa tarde! Boas Festas! Bem-vindos todos ao almoço de Natal do Intendente!"
As fileiras de mesas estendidas pelo largo enchem-se de gente num abrir e fechar de olhos, os convivas são quem aqui vive, passa, trabalha, às vezes só sobrevive. Hão de ser servidas cento e muitas refeições e distribuídas outras tantas, entre conversa, música, alguns reencontros. O bairro - as organizações formais e informais, as pessoas habitantes e simpatizantes - contribuiu com donativos, patrocínios e cadeiras, a Luísa organizou e cozinhou (com a equipa da Cozinha Popular da Mouraria e do Largo Café) e, pelo terceiro ano consecutivo, a tradição cumpriu-se no Largo, no domingo que precede o Natal.